Escolher uma formação ou uma ocupação
O papel dos pais e/ou encarregados/as de educação
Ajuda nas escolhas
As pessoas escolhem durante toda a sua vida. Começam em crianças, desde cedo. Para tal a ajuda dos pais é fundamental.
As bases de entendimento e de comunicação criadas entre pais e filhos/as desde a infância são muito importantes para todos os momentos de tomada de decisão que vão surgindo ao longo da vida.
Costuma dizer-se que das suas decisões “cada um é que sabe” e que “gostos não e discutem”. De facto, muitas das escolhas feitas entre atividade formativas e entre atividades ocupacionais baseiam-se em grande parte nos interesses vocacionais. No entanto, embora os gostos, os valores e outras caraterísticas sejam muito pessoais, eles surgem e desenvolvem-se no meio, em contacto com as outras pessoas e em especial com os familiares.
É importante a ajuda dos pais nas escolhas – no caso das crianças, dos/as jovens e, em muitos casos, ao longo da vida.
Como se escolhe?
Cada pessoa escolhe, de entre diversas alternativas, aquelas que, a partir da exploração, reflexão e integração, assumem um forte destaque significativo do ponto de vista emocional, ecológico e temporal.
Cada pessoa tem uma forma diferente e única de realizar as suas escolhas.
No caso das escolhas vocacionais importa ter em conta dados relativos à identidade vocacional (interesses, competências, valores vocacionais, personalidade, projetos), as influências sociais da família e de outras pessoas mais ou menos significativas, as informações disponíveis do contexto, acerca de oportunidades de formação e de emprego, entre outros aspetos.
O desenvolvimento do ser humano faz com que o mesmo se torne cada vez mais autodeterminado e autónomo nestes processos, o que faz com que o “peso” ou a importância atribuída a cada um dos aspetos referidos (interesses, formações, etc.) varie muito de pessoa para pessoa.
Existem aspetos específicos referentes às caraterísticas das escolhas vocacionais que nos levam a aconselhar que as mesmas sejam realizadas sob orientação de um/a Psicólogo/a especialista em educação.
Para mais informações acerca deste assunto, contacte as Psicólogas ao serviço neste Agrupamento de Escolas.
Ajuda no processo de exploração vocacional
A ajuda dos pais e/ou encarregados/as de educação passa pela colaboração no processo de exploração vocacional, que se processa de diversas formas. Salientamos a ajuda “logística”, através do acompanhamento dos/as educandos na escola e noutras atividades formativas, em atividades culturais, desportivas, de lazer, cívicas, em passeios, entre outras. Referimos também a ajuda financeira, a ajuda emocional e a ajuda psicossocial (que diz respeito à rede social onde a família se insere, onde se desenvolvem a maior parte dos relacionamentos, das amizades, da intervenção cívica, política, entre outras.
O que é a identidade vocacional?
A identidade vocacional está associada à identidade entendida de modo mais global e que significa a forma como a pessoa se vê, como pensa que é e como regula o seu comportamento. É um processo de desenvolvimento e de mudança. No entanto, ao longo do tempo, algumas características essenciais da identidade da pessoa vão-se mantendo.
A identidade vocacional refere-se à forma como a pessoa se vê em termos de personalidade, de interesses, de competências, de valores, de projetos. Desta forma, a pessoa pode sentir-se mais próxima de certos locais e atividades formativas ou de emprego e mais distante de outras, conforme os associe ou não a caraterísticas análogas às suas. Também a identidade vocacional está associada a um processo de desenvolvimento e de mudança, onde habitualmente se definem etapas. À medida que a pessoa avança no seu desenvolvimento vai adquirindo maior maturidade vocacional.
Maturidade é a capacidade de enfrentar tarefas de desenvolvimento com as quais se é confrontado. A maturidade vocacional refere-se à prontidão que a pessoa apresenta para enfrentar os momentos de tomada de decisão recorrendo a atitudes e a comportamentos de exploração vocacional, procedendo à integração cognitiva e emocional dos resultados das (novas) experiências de exploração vivenciadas. No final do 9º ano de escolaridade, não são sinais de maturidade vocacional escolher tendo apenas em conta um aspeto, como por exemplo ficar numa determinada escola, ficar junto de um amigo, ou “fugir” de uma disciplina.
Ajuda nas atividades de descoberta das caraterísticas pessoais
Os gostos, interesses, competências e valores vocacionais, vão-se definindo e desenvolvendo ao longo da vida.
Para conhecermos melhor os objetos do nosso interesse temos que explorar, aprender e experimentar no mundo.
A exploração que fazemos depende do apoio que temos em casa.
É preciso sentir segurança para questionar as antigas certezas e alargar o leque de experiências exploratórias.
Há atitudes dos pais e/ou encarregados de educação que ajudam as crianças no processo exploratório:
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Aproveitar expressões de interesse das crianças para as apoiar em novas aprendizagens e explorações. Quando o/a seu/sua educando/a fala de si próprio/a, das suas vivências, entusiasmos e dificuldade, a atenção do adulto pode ajudar a clarificar caraterísticas da identidade vocacional do/a educando/a, tais como as relativas à sua personalidade, aos seus interesses, às suas capacidades e competências, aos seus valores e aos seus projetos. Para que haja abertura relativamente a estes assuntos, o diálogo deve ser aceitante, tranquilo e otimista. Além disso é muito importante que os/as educadores/as tenham em conta que numa primeira fase, as verbalizações das crianças começam por ser pouco realistas, apresentando-se geralmente bastante fantasiosas. A aceitação de uma certa fantasia (aceitar no sentido de respeitar) contribuirá para melhorar a sua autoconfiança, aguçar a sua motivação a sua curiosidade para trabalhar estas questões.
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Respeitar os vários estilos de tomada de decisão que as crianças vão apresentando, mas ajudá-las a refletir: as crianças podem ser mais ansiosas, impulsivas, obsessivas, etc. Ajudar a refletir implica que calma e atempadamente se possam identificar com elas vários aspetos que devem ser considerados nas reflexões em torno das escolhas.
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Incentivar as crianças a dialogar abertamente acerca das suas antecipações do “futuro” e aproveitar para as ajudar a perceber que as suas escolhas exigem compromissos e terão consequências.
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Contribuir de forma objetiva para aumentar o conhecimento que a criança tem de si e do mundo, sem constrangimentos associados ao género feminino ou masculino.
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Encorajar a criança ou o jovem a informar-se “agora” acerca das atividades educativas e formativas e das profissões, ajuda-o/a a ter mais confiança no futuro. Levar a criança ou o/a jovem consigo quando vai tratar de “assuntos” como ir a um banco, aos correios, às compras, ao centro de emprego, à biblioteca, entre outros. Explorar com ela fontes de informação, tais como revistas, livros, internet, programas televisivos. Ajudar a criança / o/a jovem a identificar para cada profissão os seus objetivos, as atividades do dia-a-dia, a formação necessária, os instrumentos necessários, possíveis saídas profissionais, horários caraterísticos, salários e remunerações habitualmente auferidos.
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Encorajar a criança e/ou o jovem a envolver-se nas atividades de Orientação de Carreira promovidas pelas Psicólogas especialistas em educação ao serviço neste Agrupamento.
O que são aptidões e competências vocacionais?
Num sentido psicológico mais geral, aptidão diz respeito à capacidade de a pessoa realizar alguma coisa. Depende de tendências inatas. Algumas dessas tendências podem nunca se manifestar sob a forma de aptidões por falta de estímulo ou de oportunidades.
Competências e habilidades são inseparáveis da ação e também exigem domínio de conhecimento.
O conceito de competência refere-se a um conjunto integrado e estruturado de saberes – saber-fazer, saber-ser e saber-aprender – que a pessoa mobiliza para resolver de forma competente várias tarefas com que é confrontado ao longo da sua vida.
Entre as várias competências que possuímos encontramos as que mobilizamos para o exercício das atividades profissionais. No entanto, noutras dimensões significativas das nossas vidas, que implicam o desempenho de outros papéis, necessitamos de ativar competências mais energéticas e emocionais. Existe também um conjunto de competências a que geralmente chamamos de transversais e que são conhecidas como “soft skills”, que são importantes na maioria das situações da nossa vida e podem ajudar a ter sucesso em qualquer carreira profissional.
Existem atividades específicas de avaliação das competências vocacionais, com ou sem recurso a testes psicológicos que são realizadas sob orientação de um/a Psicólogo/a especialista em educação.
Para mais informações acerca deste assunto, contacte as Psicólogas ao serviço neste Agrupamento de Escolas.
O que são valores vocacionais?
Num sentido psicológico mais geral, o conceito de valor refere-se a algo a que atribuímos importância e a que damos prioridade. Tem associada uma carga afetiva que pode ser positiva, negativa ou relativamente neutra.
As pessoas são frequentemente confrontadas com situações em que podem pôr em prática determinado(s) valor(es) mas em que têm de abdicar de outro(s) que são para si extremamente importante(s). Na maioria das vezes, pôr em prática um valor significativo conduz à realização. Abdicar de outro valor, repetidamente, acarreta uma certa frustração. Esta constatação leva-nos a concluir que os valores devem ser tidos em conta aquando das escolhas formativas e de emprego.
Existem atividades específicas de avaliação dos valores vocacionais, que são realizadas sob orientação de um/a Psicólogo/a especialista em educação.
Para mais informações acerca deste assunto, contacte as Psicólogas ao serviço neste Agrupamento de Escolas.
Existem aspetos específicos referentes às caraterísticas das atividades de exploração vocacional que nos levam a aconselhar que as mesmas sejam realizadas sob orientação de um/a Psicólogo/a especialista em educação.
Para mais informações acerca deste assunto, contacte as Psicólogas ao serviço neste Agrupamento de Escolas.