Não desistas de ti!
Estamos em sintonia com esta mensagem. Por isso, nesta página, partilhamos conteúdos que te podem ajudar a ser autónomo na tua aprendizagem.
Estudar
O que é estudar?
É preciso (saber) estudar para ficar mais inteligente?
Habitualmente o estudo pessoal está associado a um melhor desempenho escolar, vulgarmente designado de sucesso escolar.
É preciso ser muito inteligente para saber estudar?
O insucesso nas aprendizagens nem sempre está associado à inteligência. Frequentemente o fraco aproveitamento escolar é atribuído a várias causas, como: a falta de motivação, a desorganização do trabalho, não estudar ou recusar-se a estudar.
Muitos/as alunos/as queixam-se de dificuldades em saber o que é importante ou em saber resumir. Outros/as sentem dificuldades em lidar com situações comuns, como a organização das condições ambientais e psicológicas de estudo, a retenção na memória dos conteúdos aprendidos, o confronto com pensamentos derrotistas invasivos (sistema de crenças pessoais), a frustração de estar perante resultados inferiores às expetativas.
Estudar envolve um conjunto de comportamentos em que a pessoa, de forma autónoma está propositadamente orientada para aprender e/ou recordar. Trata-se de uma sequência complexa de atos, exigentes sobretudo de funções mentais recetivas, de processamento da informação, mas também de algumas funções expressivas (linguagem escrita, geralmente).
Exige mobilizar e manter a atenção concentrada, o domínio das funções cognitivas (abstração, cálculo, organização, resolução de problemas, memória, competências de compreensão associadas à linguagem escrita) das funções executivas (autocontrolo emocional, autocontrolo da impulsividade, capacidade de inibição de comportamentos inadequados, flexibilidade).
A Motivação
A motivação de realização escolar tem sido definida como um processo energizante do comportamento, com bases afetivas. A motivação de alguém para estudar, torna essa pessoa persistente nas tarefas de estudo e nas restantes tarefas escolares associadas.
Uma motivação reduzida leva geralmente a manifestações de maior apatia, que as pessoas designam habitualmente de “preguiça”.
Mas não é preguiça!!
Um/a aluno/a motivado/a, tende a manifestar interesse pelas matérias escolares, a apresentar maior persistência nas tarefas de estudo e a apresentar uma maior autoestima.
E Tu?
Um/a aluno/a pode melhorar a sua motivação de realização escolar pelo estabelecimento de objetivos pessoais significativos e pelo desenvolvimento de conceções de si próprio/a e do sucesso escolar que favoreçam a responsabilização pela aprendizagem.
Atenção / Concentração
O que é a atenção / concentração?
A atenção é um fenómeno complexo e multifacetado, em associação com a perceção, a memória, a motivação, o afeto e o nível de consciência, entre outros.
A atenção é considerada uma função cerebral importante para a integração mental, sendo o pré-requisito mais relevante para a manifestação do funcionamento intelectual e da capacidade de reflexão.
A atenção está muito relacionada com a qualidade com que as pessoas executam as suas tarefas diárias.
Aprendizagens realizadas com atenção reduzida são comparáveis a desperdício de poupanças que deveriam ser colocadas num recipiente.
Todos nós temos momentos em que a nossa atenção na tarefa principal é bastante baixa. Isso não significa logo que se possa afirmar que sofremos de “Défice de atenção”.
Sintomas graves e persistentes de desatenção podem estar presentes em diferentes quadros clínicos (como no caso do Défice de Atenção ( ), que para serem diagnosticados requerem uma avaliação multidisciplinar que inclui também a componente neuropsicológica.
É preciso (saber) estar concentrado para aprender?
Quando o/a aluno/a está mais atento/a, aprende mais e melhor e “poupa” energia no estudo pessoal, que ficará mais facilitado.
Para que a aprendizagem ocorra, atenção, memória, linguagem, psicomotricidade, organização e raciocínio devem estar preservados e a funcionar em harmonia.
O cérebro é o órgão privilegiado da aprendizagem. Do ponto de vista neurobiológico e cognitivo, é necessário que diversos sistemas funcionem de forma integrada.
O processo de aprendizagem exige um certo nível de ativação e atenção, de vigilância e seleção das informações. A ativação, por meio da vigilância, associa-se à atenção, no sentido da capacidade de focalização da atividade.
Como funciona a atenção?
No dia-a-dia estás sujeito a uma grande quantidade e diversidade de estímulos externos (conversas, ruídos, sensações diversas) e internos (preocupações, receios, lembranças de coisas boas, por exemplo).
É natural que por vezes tenhas dificuldade em fazer com que a tua mente se mantenha focada nas tarefas escolares!
A capacidade de atenção consiste na habilidade de o cérebro filtrar o que realmente é importante e excluir as distrações. A psicologia afirma que existem vários tipos de atenção, sendo que alguns são conscientes e outros são automáticos.
O que influencia a atenção?
Existe uma forte relação entre a atenção e as questões emocionais.
Muitas pessoas têm dificuldade em se concentrar e em manter a atenção devido a questões emocionais. A falta de atenção é uma das maneiras que algumas pessoas encontram para se proteger das inseguranças e das falhas, dois sentimentos sabotadores.
Se não te sentes muito seguro/a para realizar determinada tarefa, inconscientemente crias formas de não a realizar. Isso acontece muito com pessoas perfeccionistas, que têm muito medo de errar e preferem sabotar-se para não correrem esse risco. Saberes lidar com as tuas emoções ( ), portanto é uma excelente maneira de aumentar o foco e a atenção e de ser mais eficiente nas tuas tarefas.
A atenção e a organização, as regras e a saúde mental
Para melhorar a nossa capacidade de dirigir e de manter a atenção no que pretendemos, ajuda muito ter uma rotina com horas de dormir, de acordar, de comer e de outras atividades diárias. Também é muito facilitador ter os espaços que nós utilizamos (ex: mesa de trabalho) bem organizados, uma vez que a desarrumação pode contribuir para a sensação de sobrecarga e favorecer a distração. Uma boa organização do espaço e do tempo ajuda-nos a conseguir conciliar e realizar um pouco de todas as tarefas importantes na nossa vida. É que além da escola e do estudo, desejamos e necessitamos investir na nossa vida social, familiar, em atividades extras (desportivas e/ou culturais), entre outras.
E Tu?
Como cuidas da tua qualidade de vida e do teu bem-estar?
Na escola...
Em casa...
Organização e Planeamento
Para melhorar o autocontrolo relativamente a estas questões do estudo e da vida, importa desenvolver estratégias de planeamento das atividades escolares, tais como a organização do local de estudo, organização e planeamento do tempo de estudo, promoção da capacidade de manutenção da atenção concentrada nas tarefas escolares, conhecimento e manuseamento dos materiais de estudo, adoção de uma metodologia de estudo ativa, programação da preparação para os testes.
Local de estudo
Um local de estudo bem arrumado e bem organizado, de preferência por ti, para saberes onde tens as coisas, pode tornar as tarefas de estudo bem mais agradáveis e mais eficazes.
Hoje em dia, muitas crianças e muitos jovens estudam fora de casa, em salas de estudo (ou em salas de explicações). Nestes casos, é difícil aplicar as sugestões que apresentamos. No entanto, por vezes, esses/as alunos/as têm de complementar em casa o trabalho iniciado na sala de estudo. Quando estudam apenas na sala de estudo, é importante que possam usufruir de algumas das condições que indicamos:
Deve ser:
Individualizado, organizado pela pessoa e simples
O excesso de objetos decorativos, a presença de brinquedos e equipamentos eletrónicos de lazer, pode desencorajar à permanência nas atividades de estudo, que pela dedicação que exigem, são geralmente menos apetecíveis que brincar. A partilha do espaço por várias pessoas sem supervisão, convida a conversas paralelas. Além disso, cada pessoa tem um rito de trabalho diferente.
Bem equipado
Com livros, cadernos e material de escrita necessário. A falta de material “obriga” a sair e a interromper a atividade de estudo, que poderá não voltar a ser retomada.
Bem ventilado
A renovação do ar evita o cansaço e dores de cabeça. Com temperatura agradável.
Bem iluminado.
Com luz geral para o compartimento da casa e luz local para a mesa de trabalho. Esta luz local deve ser colocada do lado oposto ao braço com que a pessoa escreve, para não fazer sombra sobre o material. O mesmo deverá acontecer se houver acesso a luz natural: a mesa deverá ser posicionada de forma a que a luz venha do lado oposto ao braço que escreve.
Equipado com mesa e cadeira ajustadas
Se houver computador, o mesmo não deve ocupar todo o espaço da mesa senão não se conseguirá escrever, atividade essencial ao estudo.
Estudar em sofás ou na cama cria a ilusão de que se está a ter um momento agradável, mas ao fim de algum tempo, como a sessão de estudo não “rende” tão bem, por falta de condições para realizar todos os registos, pela necessidade de fazer interrupções para ir buscar materiais, pelas dores corporais que podem surgir devido às posições incorretas adotadas, pela sonolência que esses locais provocam, a sessão de estudo torna-se frustrante e desencorajadora. É sempre melhor a mesa e a cadeira e a tua posição deve ser adequada.
A sua utilização deve ser apenas para o estudo.
Calendário escolar
Horário de estudo
A organização e planeamento do estudo passa pela seleção das atividades a realizar e pela organização e gestão do tempo, distribuindo-o pelas diversas tarefas de estudo.
Grande parte desta organização faz-se com a ajuda de registos que podem ser realizados numa agenda (em papel ou eletrónica), de um calendário do ano letivo (que pode vir incluído na agenda) onde possas assinalar trabalhos de grupo, testes e exames, visitas de estudo, entre outras datas importantes, de um horário de estudo de fichas de planeamento de sessão de estudo.
Algumas pessoas dizem que organizam tudo na sua cabeça e que não necessitam destes registos e materiais que referimos. No entanto, dificilmente são eficientes na sua gestão, pois isso implica que a mesma se esteja a realizar permanentemente na sua mente, deixando pouca disponibilidade para outras atividades mentais, incluindo distrações ou lazer, o que contribui para um aumento da ansiedade e para uma sobrecarga da memória, que não é nada favorável ao bem-estar da pessoa.
Planeamento e organização da sessão de estudo
Planeamento e organização da sessão de estudo
Há que treinar e desenvolver estratégias cognitivas adequadas ao estudo de diferentes disciplinas.
Os/as alunos/as poderão perceber e conhecer qual a forma como aprendem melhor e selecionar as estratégias mais adequadas a cada disciplina e ao seu próprio estilo de aprendizagem.
Uma coisa é certa: metodologias de estudo mais ativas e participativas da parte do/a alno/a são mais eficazes à retenção dos conteúdos estudados e à recordação dos mesmos em situação de avaliação.
Sugerimos-te uma metodologia que pode ser associada a uma mnemónica: PLEMA. Refere-se a 5 fases diferentes em que podemos dividir sessões de estudo que visem preparar o/a aluno/a para um teste ou uma situação de avaliação. É importante referir que por vezes não é necessário utilizar todas as fases ou que poderá ocorrer alguma alteração ou sobreposição da sequência das fases deste processo.
Passamos a descrever e a explicar os fundamentos de cada fase:
Pré-leitura
P
O estudo começa por uma abordagem rápida dos materiais. Manusear os livros e cadernos da disciplina e da matéria em estudo.
Leitura de resumos de capítulos antes da leitura dos mesmos para ficar com uma ideia do que será mais importante reter.
Leitura do índice do livro para situar o capítulo entre a restante matéria e facilitar reflexões de comparações, de associações, de sequências, entre outras.
Leitura rápida dos títulos e subtítulos dos livros e cadernos relativamente ao assunto em estudo.
Leitura
L
Esta é a fase em que se realizam tarefas a que muita gente chama “estudar”.
Lê-se a matéria de forma detalhada até compreender o que está exposto.
Simultaneamente vai-se sublinhando e fazendo anotações das “dúvidas” que se vão esclarecendo.
No sublinhado, podem utilizar-se diferentes cores, distinguindo definições de outros tópicos. Deve-se sublinhar apenas o que é mais importante: ideias principais.
E
Esquemas e/ou resumos
Nem sempre se fazem esquemas ou resumos, por falta de tempo. Às vezes também não se fazem por os conteúdos não serem muito extensos, não se justificando o esforço que isto implica. No entanto, quando se justifica a sua realização, os esquemas ou os resumos ajudam muito a organizar as ideias e a compreender as relações entre os diferentes conteúdos, bem como a memorizar.
Memorização
M
Nesta fase o/a aluno/a relê a matéria as vezes necessárias até conseguir repetir os conteúdos apenas de memória.
Autoavaliação
A
Nesta fase, tentas repetir os conteúdos que estudaste sem ter de estar sempre a reler.
Podes pedir a um/a familiar ou a um/a amigo/ para te ajudar, fazendo-te perguntas, por exemplo.
Programação da preparação para os exames
Quando se fala deste assunto é frequente discutir-se se é ou não vantajoso estudar para os testes com antecedência. Algumas pessoas queixam-se que têm de estudar “sob pressão” por parecer que esquecem conteúdos estudados com alguma antecedência. Parece-nos que o problema se resolve de duas formas: estudar de forma aprofundada e fazer uma revisão do estudo em data mais próxima do teste.
Há também quem diga que só é necessário compreender, não é preciso memorizar. A isso respondemos com uma pergunta: vai-se compreender o quê? O que não se sabe? Compreensão e memorização estão associadas. No entanto, a memorização sistemática deve ser feita propositadamente e estrategicamente incidindo sobre os conteúdos selecionados para os momentos de avaliação.
Outra questão relacionada com os exames é o facto de vários/as alunos/as se queixarem que sentem muita ansiedade face aos exames, podendo a mesma manifestar-se nos momentos que antecedem as atividades de avaliação ou nos momentos de avaliação propriamente ditos. Em alguns casos, a ansiedade sentida não parece ser “impeditiva” da concentração da atenção, mas noutros casos constitui uma grande dificuldade.
Antes dos testes de avaliação
É preciso começar a revisão dos testes com antecedência suficiente.
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Quando um teste é marcado, precisas de ver quantos dias podes dedicar às revisões.
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Analisa a matéria que vem para o teste. Dedica mais tempo à que for mais difícil.
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Distribui o tempo e a matéria de uma forma realista, lembrando-te que tens várias disciplinas.
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Faz todos os dias uma revisão muito rápida do que estudaste nos dias anteriores.
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Para cada matéria, precisas de procurar as páginas do livro e as lições.
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Depois tens de escolher as estratégias de estudo e as atividades.
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No fim, faz uma autoavaliação do estudo.
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No último dia faz uma revisão rápida de toda a matéria.
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Podes responder a perguntas e fazer exercícios idênticos aos que achas que podem sair no teste.
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No dia do teste, vais estar mais calmo/a porque sabes que estudaste. Não estudes durante os intervalos. Isso só te vai deixar ficar nervoso/a.
Confia em ti e no teu trabalho.
Durante as provas de avaliação
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Chega a horas. Chegar tarde vai facilitar sentimentos de insegurança e de medo do fracasso. Além disso pode impedir-te de receber instruções importantes. Chegar com muita antecedência pode proporcionar conversas pessimistas. Vais certamente encontrar colegas que gostam de “em cima da hora” pedir ajuda para esclarecer dúvidas. No calor da ansiedade nem vais conseguir ajudar e vais ficar com medo de não saber a matéria que até sabes muito bem. Se puderes, evita essas situações, mas não deixes de encorajar os/as teus/tuas colegas.
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Não te esqueças de levar todo o material necessário.
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Presta muita atenção a todas as indicações que o/a professor/a der. Elas podem ajudar-te a orientar as tuas respostas. Se tiveres alguma dúvida, pede esclarecimentos ao/à professor/a.
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Antes de começares a responder, lê rapidamente todo o teste. Assim podes controlar melhor o teu tempo. Se te surgirem dúvidas, esclarece-as junto do/a professor/a.
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Começa pelas perguntas mais fáceis. Só depois farás as mais difíceis, sempre pensando que estudaste e és capaz. Não te esqueças de escrever com letra legível.
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Faz um pequeno esquema da resposta, para ela ser mais organizada. Concentra-te no que é essencial. Não “inventes”.
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Deves ter confiança em ti próprio/a e ser honesto/a. Não copies. Aceita o teste como um desafio pessoal.
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Vai controlando o tempo ao longo do teste, mas sem estares sempre aflito/a com o relógio.
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Quando terminares, lê o teste de novo, com atenção. Se for preciso, faz a correções necessárias. Tem cuidado com a ortografia também.
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Entrega o teste ao/à professor/a e, se estudaste, espera pelo resultado com confiança. Afinal, és capaz.